domingo, 3 de outubro de 2010

Almas Feridas - Parte 3 (Final)

Procurava por livros sobre a história de SilentWood; algo me dizia que muitos assassinatos ocorreram naquela cidade, fatos passados datados como nas cartas que eram em sua maioria da década de 90. Assim logo corri para o computador da biblioteca procurar por notícias de assassinatos e desaparecimentos de pessoas na cidade, até que encontrei uma manchete de 1952: “Família Francesa é dizimada por psicopata”, comecei a ler atentamente, vi que a família francesa era dona de um importante hotel da região, haviam sido mortos na noite de natal, enquanto a família fazia o baile de natal, que era uma tradição da família, o psicopata havia matado a todos com uma arma de fogo, porém apenas o filho mais novo havia se salvado, porque ele fugiu para uma cabana que seu pai houvera construído para ele no meio da floresta e nunca mais fora visto. Quando li aquilo, fiquei intrigado, eu tinha achado algo, só poderia ser aquilo. Voltando ao carro San não estava lá, eu fiquei desesperado, onde estava San, porém precisava me acalmar, a voz me dissera que San ficaria bem, e eu precisava resolver logo as coisas para que tudo ficasse bem. Dei a partida no carro e voltei ao hotel, já estava amanhecendo, não percebera que demorara tanto tempo na biblioteca. Já tinha algumas respostas para algumas perguntas, precisava agora voltar à cabana, para ligar os fatos. Estacionei o carro a uns 500 m do hotel e segui a pé, para não levantar suspeita caso alguém estivesse pelas redondezas do hotel. Chegando ao portão do hotel, vi San encostada no portão, dormindo. Corri para ver se ela estava bem; ela acordou assustada, e desorientada:

- Onde estamos? – perguntou ela.

-Estamos na entrada do hotel San tudo vai ficar bem, eu tenho algumas respostas, precisamos voltas a cabana.

- O que? Por quê? Não posso ir para a cabana, é perigoso.

- É perigoso e preciso para salvar as pessoas que vivem a nossa volta.

Entramos nos hotel, que ainda estava aparentemente vazio. Corremos o mais rápido que pudemos para a velha cabana. Vimos que o sol começava a aparecer no horizonte de SilentWood, por entre os altos pinheiros da região. Entramos na cabana que aparentemente não tinha ninguém.

Lá dentro vimos uma TV e um vídeo K7, que reproduzia uma fita. Pudemos ver apenas um homem dando tiros, e não escutamos nada porque a TV estava no mudo. Logo após os tiros a fita acabou; olhei para San e recomecei a reproduzir a fita e aumentei o volume da antiga TV. O áudio era péssimo, por ser uma filmadora realmente antiga, nem sequer sabia que existiam filmadoras pessoais na década de 50, mas pude perceber que as pessoas dançavam ao som de Claire de Lune, todos riam felizes, exceto por um menino que estava sentado em uma cadeira, e olhava fixamente para a câmera; até que ouvimos um som estrondoso, o som de um disparo; logo vejo uma mulher caindo ao chão, seguido de vários disparos, onde várias pessoas caíram desfalecidas ao chão. O menino que estava sentado olhara horrorizado e saíra correndo, desaparecendo do foco da filmadora, o vídeo termina. Será que aquele menino seria o assassino? Provavelmente que sim, mas precisávamos colher mais pistas; San me chamou para seu lado, ela olhava um quadro com vários recortes, comecei a lê-los. Em sua grande maioria eram jornais da cidade de SilentWood, em sua maioria eram relatadas nas notícias casos de desaparecimento e mortes na cidade, e haviam várias fotos de crianças tristes – tremi – estava ficando com medo, até que ouvi gritos aparentemente de Ju do lado de fora da cabana. San e eu nos entreolhamos e corremos para fora da cabana, não estávamos vendo nada, até que vamos algo se mexendo no meio dos arbustos. Para nossa surpresa Ju estava lá escondida, estava machucada e assustada – da mesma forma que San estava – Logo a ajudamos a levantar e questionamos o que houvera ocorrido. Ela disse que não se lembrava muito bem e sentia dor, assim ela levou sua mão para o local da dor, na região da nuca e quando viu sua mão tinha sangue, quando olhei a ferida percebi que estava escrito “La douleur, la vengeance et la mort”, não sabia o que era isso, nem San; tentamos ao máximo explicar pra Ju o que estava escrito, até que finalmente ela entendeu, e disse-nos que estava escrito “Dor, Vingança e Morte”. Confesso que estremeci com essa frase, as peças estavam finalmente se encaixando. Olhei para as meninas confusas e curiosas para saber o que eu pensava, até que comecei a dizer que depois de um período de dor profunda pela morte de seus familiares, muito tempo remoendo a situação, um período de angústias e tristezas somado com grande saudade e solidão, fizeram com que o homem tornasse um assassino em série, que precisa matar as pessoas como forma de vingança e como forma de preencher o grande vazio de seu peito. As meninas me encaravam pensativas, tentando entender o que eu dizia, começamos a ouvir passos perto de nós e... Não me sentiam mais tenso como antes, ouvia Bips, sentia uma leve pressão em minha perna, e ouço vozes dizendo: “Veja, ele está acordando”, assustado abri os olhos e comecei a me mexer, até que Ju e San me seguraram. Eu não estava entendendo, o que estava acontecendo? Perguntei a elas, porém nada respondiam, sentia-me confuso. Logo uma enfermeira entra no quarto e diz que eu havia sido encontrado na floresta na neve, com algumas fraturas, desmaiado e com hipotermia devido a grade quantidade de neve que cobria meu corpo, assim que fora encontrado fui levado ao hospital e fiquei desacordado durante 4 dias, e que em breve eu iria para casa, todos os tratamentos tiveram sucesso, porém os medicamentos fizeram com que eu ficasse desacordado por mais tempo, e ela se retirou com as meninas do quarto para chamar o médico que me daria alta o quanto antes. As meninas me deviam respostas, fiquei pensando por longos minutos até que adormeci novamente. Depois de um sono agitado, porém sem pesadelos; fui acordado por Ju, que disse que já estava na hora de ir embora para casa. Os enfermeiros me ajudaram a sentar na cadeira de rodas, e Ju e San me levavam para fora até o longo corredor, vi recepcionista do hotel em pé no corredor com as mesmas botas sujas de sangue do serial killer, estava aterrorizado; até que falei para San:

- San, o que houve? – elas apenas me olhavam – Todas aquelas coisas horríveis, tudo que vimos, ah certamente você nem imagina o que houve, foi só um pesadelo.

Elas pararam a cadeira de rodas, entreolharam-se novamente, estavam estranhas, como se escondessem algo; San agachou-se a minha frente, olhou-me fundo nos olhos e disse num leve sussurro:

- Posso assegurar-lhe que não foi um pesadelo

Ao fundo do corredor, pude ver o velho recepcionista serial killer novamente com um machado na mão, sorrindo.


Fim.

Ca Menzoni