domingo, 25 de abril de 2010

Voltas do Coração - Capítulo 2

Após chegar ao porto de Santa Fé segui para o balcão para comprar minha passagem de ida, eu não pretendia voltar tão cedo. Com quinhentos reais por mês de pensão do meu pai depositados na minha conta bancária e mais a herança que irei receber de meu tio José, que era muito rico quando vivo. Pelo menos quando eu ainda tinha contato com ele.
Comprei meu passaporte e me dirigi a plataforma indicada. Olhei o mar. O sol da manhã refletia em suas águas muito calmas, o mesmo me esquentava por inteiro, renovando minhas esperanças de uma vida nova e melhor que vou buscar em minha terra-natal, a Itália. Depois do que me pareceu décadas a buzina do navio tocou, anunciando que era hora de partir. Apressada entrei e coloquei minha mala no chão. Durante o dia inteiro fiquei pensando em como seria essa viagem.
Viagei durante muitas horas, apenas comia, bebia e dormia. A viagem foi muito longa e o tal primo desconhecido meu devia pensar que eu iria de avião. Mais navio sempre foi e sempre será minha primeira opção. Eu tenho muito medo de voar, por isso não ando de avião desde que eu tinha 10 anos de idade. Foi num acidente de avião que todos os meus irmãos e minha mãe morreram.
Depois de três dias de viagem chegamos a uma pequena cidade no sul da Itália. Tomei um trem até a estação mais próxima do endereço que meu primo havia passado e saquei o celular. Disquei um numero que eu havia anotado e esperei a chamada ser concluida.
- Alô? - o mesmo homem daquele dia com o mesmo sotaque.
- Alô? Primo. Sou eu, Miranda.
- Eh? Quem?
- Sua prima do Brasil. - respondi com certo desanimo na voz.
- Oh sí, sí. Onde está? Pensei que chegaria aqui três dias atrás! - me assustei. Ele deu um berro tão alto no telefone que tive que afastar o aparelho dos ouvidos, ou estouraria os tímpanos.
- É que eu tenho medo de andar de avião então tomei um navio! - comecei a ficar frustrada - Me diga uma coisa. Como chego aí? Não sei falar italiano e só tenho o nome da rua.
- Chame um taxi e mostre o endereço. Todos sabem que r-rrua é esta, é pertinho de onde você está. Confie em mim.
Hesitei um pouco mais finalmente respondi:
- Certo, certo. Se eu me perder ... Já vou avisando. Minha cabeça não é tão fria como a de minha mãe.
Desliguei o telefone sem me despedir , completamente irritada. Se era tão perto assim ele pelo menos podia vir me buscar. Pelo amor de Deus, eles deviam ter um pouco de consideração aqui.

Contrariada, chamei um taxi e mostrei ao homem bem vestido e bigodudo o endereço que eu havia anotado em um pedaço de papel. Chegamos ao endereço e então meu queixo caiu.
O local era lindo. Muito lindo... Fiquei abismada. E aquilo fazia me lembrar de minha infância, e não sabia o porquê.
Na porta, um gordo de bigode bem feito e cabelos com gel penteados para trás me esperava, ele usava terno e tinha um ar de boa pessoa. Devia ser Bento.
- Olá madame. Seja bem vinda de volta. - o homem que aparentava ter uns 50 anos me chamou a atenção com essa recepção.
- De volta? - eu nunca havia estado naquele lugar - você deve ter se confundido com algo.
- Não, não me confundi - aquele sotaque italiano também não me confundia, era Bento - Você é Miranda Angelotti. Filha de Camen Angelotti.


Continua...

No próximo capítulo....
Miranda volta a sua terra de origem. Mas não lembra de nada que passou. E mais.... um problema financeiro impede que seus tios e primos lhe entreguem a herança.
O que será que está acontecendo? Porque não lhe entregam a herança logo? Quem são aquelas pessoas que conhecem tudo de sua vida, mas que ela não se lembra?
Confiram :D