quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Emilly John - Parte 2 : Em busca da razão

Continuação...
Quase caí para trás com aquela notícia. Minha querida Dona Carmen ficou entre choros e soluços, arranjou forças para continuar e depois de um grande suspiro falou:
- Quando eu era casada com John, tive um caso com o...
- Com quem mãe?! Para de enrolar. Seja firme e fala logo, sua fraca! - eu já estava estressada.
- Com o Adamastor! Pronto falei! Você é filha dele e não do John! Eu não queria que você soubesse. Foi um erro meu...
Não deixei ela terminar o seu discurso muito "emocionante" de como minha vida foi uma farsa e de como ela era culpada por eu ser filha de um criminoso.
Fui para o meu quarto e tranquei a porta. Chorei muito, enchi o travesseiro de lágrimas de dor e ódio. Depois de ensopar o travesseiro eu decidi que eu iria fugir de casa. Esssa noite.
Peguei minha bolsa e coloquei meu celular, uma camiseta limpa e uma escova de dente, só por precaução. Peguei também minha carteira com 50 reais, minhas economias. Coloquei minha jaqueta mais quente, pois lá fora estava muito frio.
Pulei a janela e dei o último adeus em silêncio. Agora eu tinha que decidir onde eu iria.
Comecei a andar sem rumo pelas desertas ruas de St. L'avigne. Passei pelo mercado, pela quitanda, pela praça e qual não foi minha surpresa, cheguei no posto de gasolina, onde era o escoderijo do meu pai psicopata.
Já estava escurecendo. Eu havia chorado a tarde inteira. Resolvi entrar.
É difícil dizer isso, mas, como era arrumado o esconderijo, claro, o banheiro não era muito limpo e as paredes do quarto não eram rebocadas e o chão era cimento puro. Porém, haviam quatro camas, uma para cada, uma para cada prisioneiro, imagino. Havia também no canto oposto uma geladeira. Eu a abri. Dentro havia queijo, duas bananas, meio pacote de pão de forma e uma jarra de água. Tudo parecia estar em sua validade.
Eu estava com muita sede, peguei a jarra e procurei algum recipiente que eu pudesse tomar. Achei uma vasilha. Enchi uma vez e joguei no chão, só para limpar. Enchi de novo e coloquei a jarra na geladeira.
- Fazendo o que aqui, a essa hora da noite?

       CONTINUA...

O Mistério de Emilly John - Parte 1 : Em meu quarto

- Este conto é um pouco grande, como se fosse um livro. Vou postando em partes para não ficar muito enjoativo de ler.
----------
Eu sou Emilly. Emilly Parks John. Moro em Santa L'avigne faz um bom tempo. St L'avigne é uma cidade do interior quase esquecida pelo planeta. Talvez nem conste no mapa. Pelo menos, no meu velho e surrado Atlas não avistei nenhum sinal, mas é tão velho que suas informações são meio duvidosas.
Há um certo acontecimento que vem me importunando faz algum tempo. Vários sequestros vêem acontecendo. Três em apenas quatro semanas. E o pior, sem deixar rastro nenhum.
Um exemplo foi a minha professora, ela sumiu há alguns dias, o que me deixa com um enorme tempo livre. Estou entediada agora, sem lições de casa, sem deveres, eu devia estar feliz com isso, mas por que não consigo?
- Filha, vem me ajudar a servir o jantar! - ouvi minha mãe dizer, como sempre, pontualmente às 19 horas.
Levantei-me devagar e me dirigi à cozinha.
Coloquei a mesa e eu e minha mãe sentamos para comer. Comi um pedaço de frango e um milho cozido inteiro.
Bati o olho no jornal que estava ao meu lado e li a manchete: "Louco sequestra pessoas em Santa L'avigne".
- Este jornal é de hoje mãe? - perguntei tentando não parecer muito interessada.
- É sim, filha, se quiser pode pegar, eu já terminei de ler.
Abri na página indicada pela manchete e li rapidamente alguns parágrafos.
" Nesta última terça-feira foi encontrado o esconderijo de Adamastor Carlos próximo ao posto de gasolina em St L'avigne. Foram encontrados Jaime Lohan, pediatra, Kelly Clark, professora e Augusto Gonçalvez, dentista em um pequeno quarto em condições muito precárias [...]"
"[...]Não se sabe ainda o motivo do sequestro, mas Adamastor será investigado amanhã, quinta-feira."
"Acredita-se ainda que Adamastor pode ter sido o autor do assassinato de"...
Não acreditei no que estava lendo, realmente eu não acreditei. O meu pai, Thompson John. Ele!
Minha mãe havia dito que ele sofreu um acidente de carro! Meu Deus. Ele não sofreu um acidente de carro. Ele foi assassinado por Adamastor Carlos, um louco, psicopata!
Acordei cedo, o café estava na mesa. Me sentia muito cansada, a ponto de arranjar um escândalo a qualquer momento. Eu tive um pesadelo, mas não me lembro de nada, só sei que eu não consegui descansar nem um pouco.
- Mãe, a gente precisa conversar.
- So-sobre o que? - ela disse meio nervosa, o que fez eu desconfiar mais ainda que ela escondia algo de mim.
Eu pedi pra ela sentar, peguei a reportagem ao qual o nome do meu pai estava escrito e mostrei à minha mãe. Ela ficou paralisada por um tempo e depois começou a chorar.
- Pensei que eu havia escondido essa matéria. Mas, - ela suspirou - vejo que chegou a hora de contar...
Ela não continuou a frase.
- Contar o que? - perguntei já irritada.
Ela hesitou - Thompson Jones... Não é seu pai.

                 CONTINUA...